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Kiko Mascarenhas vê fora da TV mais oportunidades: 'Convites variados'

Kiko Mascarenhas é uma daquelas pessoas que passam a sensação de que conhecemos a vida inteira. A última vez que nos vimos faz alguns (muitos) anos, mas fiz questão de entrevistá-lo pela sua extensa carreira e talento, além de estar em cartaz em São Paulo com a peça "Todas As Coisas Maravilhosas".

Kiko comemora em 2024 seus 40 anos de carreira, que passa pelo teatro, televisão, cinema e salas de aula, já que também é professor de interpretação. Sua primeira novela foi a nova versão de "A Viagem", novela de Ivani Ribeiro em 1994, no qual foi convidado a trabalhar pelo diretor-geral Wolf Maia, que o viu em uma peça e gostou de seu trabalho.

Começamos nossa conversa lembrando exatamente de seu personagem na trama, em que ele interpretava o Anjo Daniel. Kiko conta que foi um papel desafiador para ele, já que não era espírita, mas que mergulhou de cabeça em livros sobre o assunto na época para conseguir passar a maior verdade possível.

Antes de se tornar ator, Kiko tinha o desejo de ser ilustrador, uma carreira que imaginava como solitária. No entanto, foi por meio do teatro que ele acabou encontrando sua vocação. É curioso como às vezes o destino nos leva por caminhos inesperados, uma vez que cruzou com uma menina na saída de um cinema.

Ela o chamou para um teste de elenco no dia seguinte, ele decidiu ir despretensiosamente e acabou sendo aprovado —começava aí uma história de dez anos exclusivamente para o teatro, que depois caminhou para a TV.

Questionado sobre a nova política de trabalho por obra, como a Globo vem fazendo, Kiko explica que os atores já vinham sendo avisados com antecedência, que essa mudança iria ocorrer, mas diz acreditar ser um pouco incompreensível deixar tantos talentos soltos no mercado que vem crescendo, como o streaming.

Para mim é um pouco incompreensível essa política da empresa nesse momento. Liberar os talentos soltos no mercado e o mercado vem crescendo, o streaming está aí mostrando isso, existem muitas possibilidades de continuar trabalhando no audiovisual sem necessariamente ser dentro da Globo e para mim é um pouco incompreensível. É um processo também da empresa, talvez em algum momento, eles encontrem um ponto de equilíbrio, talvez eles possam mudar essa política.
Kiko Mascarenhas

Seu primeiro filme foi "Viva Voz" de Paulo Morelli, que além dele no elenco tinha Viviane Pasmanter, Beth Goffman e Dan Stulbach, por exemplo. Ele também relembra que seu segundo filme foi "Meu Nome Não É Johnny", com Selton Mello como protagonista.

A história é curiosa: ao cruzar com Selton na rua, acabou sendo convidado para uma leitura e um teste na casa do próprio ator. Lá, foi apresentado para Marisa Leão, produtora da peça, e acabaram fazendo uma cena do filme, improvisando diante de uma câmera.

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Ao todo, Kiko fez cerca de 12 longas, que passam pelos diversos gêneros, diferentemente da TV, onde ele faz mais humor —inclusive, ele menciona que sua mãe é uma grande influência em seu humor, descrevendo-a como alguém com um senso de humor afiadíssimo, mesmo aos 80 anos.

No cinema, os convites são mais variados. Na televisão, eu acho que tinha uma tendência a me convidarem para fazer mais humor. Eu acho leve, é muito divertido fazer comédia, não à toa é um gênero que agrada muito às pessoas.

Kiko atualmente está em cartaz no Teatro Tucarena em São Paulo, com o monólogo "Todas As Coisas Maravilhosas", dos ingleses Duncan MacMillan e Joe Donahuer. A história traz um menino de sete anos tenta ajudar a mãe.

Com esse objetivo, ele começa a escrever listas de todas as coisas maravilhosas que podem fazê-la recuperar a vontade de viver e as deixa em locais estratégicos, para que a matriarca encontre e redescubra "motivos" para continuar viva. Apesar de falar sobre depressão, a peça é sobre esperança e não desistir. Kiko também interage sutilmente com a plateia.

A peça tem sido elogiada não apenas pela sua performance, mas também pela profundidade emocional que traz ao público. "Os autores tiveram essa percepção de que podem usar o drama e a comédia em medidas iguais e oscilando o tempo inteiro", analisa sobre a peça.

Kiko Mascarenhas, ainda jovem, apesar dos cabelos brancos, é destes atores que já marcou muito na história da TV, do teatro e do áudio visual brasileiro como um todo, com seus personagens que estão na memória mais afetiva do nosso povo.

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"Todas As Coisas Maravilhosas" está em cartaz todas as sextas e sábados, às 21h, e domingos, às 19h, no Teatro Tucarena na região das Perdizes, em São Paulo. A peça fica em cartaz até o fim de agosto.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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