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Casados em casas separadas: 'Por que não? Pode ter traição sob mesmo teto'

A empresária Manuela Bolsonaro Miziara, 33, tinha 17 anos quando começou a namorar Guilherme Miziara, na época com 28. Foi seu primeiro amor.

Eles se casaram em 2018, com papel passado e celebração em família. Um casamento tradicional —- ela adotou o nome do marido — a não ser por um detalhe: eles moram em casas separadas.

"A gente começou a namorar vivendo em cidades diferentes, então estávamos acostumados. Na hora de casar tivemos uma conversa: 'e agora? É a última chance'. Mas já tentamos morar juntos antes e vimos que a chama vai se apagando.", conta Manuela.

Para o casal, que possui condição financeira para manter casas separadas, essa é apenas mais uma possibilidade de experimentar o casamento, que vem mudando de perfil no Brasil.

Não existe mais só um forma de viver sob união.

"Parte ainda fazem [casam] por inércia, seguem um modelo sem pensar se é isso que querem ou não", diz Guilherme.

"E aí não percebem caminhos diferentes que podem tornar o relacionamento muito melhor, como é nosso caso", completa Manuela.

Manuela Bolsonaro Miziara, que se casou e não mora com o marido
Manuela Bolsonaro Miziara, que se casou e não mora com o marido Imagem: Ricardo Benichio/UOL

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'Falam que eu sou corna, que ele é corno'

Manuela chegou a contar sua história nas redes sociais após sugestão de amigos.

"Nossa ideia era mostrar que tem outros jeitos de viver que também dão certo", diz.

Uma das respostas recebidas foi de uma seguidora que diz ter proposto o mesmo ao marido. Ele topou, e ela voltou para agradecer Manuela.

"Mas tem muito 'hater' que ofende. Nós só damos risada. Falam que sou corna, que ele é corno, que ele tem outra família, que eu dou para todo mundo. Como se não houvesse traição com duas pessoas morando sob o mesmo teto", conta a empresária, reforçando que a relação é monogâmica.

Os dois falam sobre a experiência com a tranquilidade de quem fez uma escolha consciente.

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"A gente tem nosso amor, nossa confiança e nosso respeito. É uma relação construída com o tempo, são mais de dez anos. Estamos muito bem com esse estilo de vida."

Guilherme Miziara, que se casou e vive em casa separada
Guilherme Miziara, que se casou e vive em casa separada Imagem: Ricardo Benichio/UOL

Onde ficam as casas?

Os dois moram numa mesma rua na cidade de Ribeirão Preto (SP). Estão a cerca de 3 km de distância um do outro.

As decisões sobre a rotina são na base da conversa.

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"Durmo na casa dele nos finais de semana. Nos outros dias, vamos combinando. Ele dorme tarde, faz uns horários malucos, e eu durmo e acordo muito cedo. Não temos regras, cada um tem seus horários."

Mas e quando um não quer ver o outro, não rola insegurança?

"No começo até tinha um pouco disso", diz Guilherme. "Pensava: 'ué, mas você não quer ficar comigo por quê?' Tivemos que construir uma relação de muita confiança. E conseguimos."

Apesar de viverem bem separados, nenhum dos dois descarta dividir o mesmo teto no futuro.

O casal Manuela Bolsonaro Miziara e Guilherme Miziara, que se casaram e vivem em casas diferentes
O casal Manuela Bolsonaro Miziara e Guilherme Miziara, que se casaram e vivem em casas diferentes Imagem: Ricardo Benichio/UOL

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Um novo jeito de viver o casamento

"As relações hoje têm pinceladas de amor romântico, mas a convivência é amor prático, construído junto", diz a professora Marília Millan, do curso de psicologia da PUC-SP e líder de um grupo de pesquisa sobre relacionamentos e família.

Para Marília, as novas possibilidades de viver o matrimônio respeitam a individualidade de cada um. Além das casas separadas, ela cita as relações abertas e o poliamor.

"Se o mundo puder abrigar as várias tendências seria muito bonito. Sem homogeneizar, pasteurizar, mas levando em consideração o que faz cada pessoa feliz."

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