Dorival diz que 'não mudaria nada' na Copa América e rebate críticas

O técnico Dorival Jr afirmou que não faria nada diferente de seu trabalho na Copa América e rebateu críticas após a eliminação da seleção brasileira para o Uruguai, nas quartas de final.

O que aconteceu

Dorival ressaltou que a equipe está em formação e pediu calma e tempo. Em concedeu entrevista ao programa F90, da ESPN, ainda nos EUA. Os jogadores foram dispensados logo após a queda, mas a comissão seguiu por lá e vai embora nesta terça (9).

Ele ponderou que o resultado não foi o desejado, mas disse que a equipe ainda vai evoluir. Ele exaltou o grupo e avaliou que a seleção está passando por um processo de renovação. A Copa América foi a primeira competição oficial sob o comando da nova comissão.

O treinador completou que o grupo está no caminho certo e deu nova roupagem ao "vão ter que me engolir" de Zagallo. "Daqui a dois anos, essas mesmas pessoas que estão falando demais talvez tenham que engolir novamente uma grande conquista da nossa seleção", disparou.

Dorival também rebateu as críticas sobre sua postura antes da decisão por pênaltis. Ele afirmou que nunca participou de "rodinhas" de jogadores e lamentou os comentários que classificou como maldosos sobre a cena que viralizou dele fora da reunião dos atletas.

Dorival Júnior ficou fora da roda dos jogadores da seleção antes dos pênaltis contra o Uruguai na Copa América
Dorival Júnior ficou fora da roda dos jogadores da seleção antes dos pênaltis contra o Uruguai na Copa América Imagem: Reprodução

O que Dorival disse

Sinceramente, não faria nada diferente. Confio muito nesse grupo que vem desenvolvendo um trabalho, confio muito na minha equipe técnica, toda a diretoria empenhada. Tivemos uma organização quase perfeita em tudo, desde a nossa chegada aqui nos EUA. Todas as condições foram dadas, treinamento de altíssimo nível, criamos expectativa bem alta do que poderíamos apresentar. Oscilamos nas partidas, fato natural, é uma equipe sendo formada, que vive um momento completamente diferente. Não é justificativa, mas é uma realidade.

Avaliação do trabalho na Copa América: "Tenho consciência e convicção do que assumi, das dificuldades que teria, dos problemas, de pegar Copa América logo de início para uma equipe em formação. Sempre falei nisso, ninguém queima etapas no futebol, está começando a montagem de uma boa equipe, que tem jogadores de bom nível, mas que ainda não se veem com equipe. Esse processo que tivemos aqui, foram 20 dias importantes de treinamento, procuramos acelerar tudo isso, para mim foram momentos muito importantes, nos deram todas as condições possíveis, jogadores tiveram um entrega importante. nenhuma lesão, uma intensidade de trabalho, o que gerou expectativa muito alta em todos nós que fazemos parte deste estafe. A organização, disciplina, não tivemos nem um problema sequer, sempre respeitando tudo o que havia sido planejado".

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Reciclagem da seleção: "É um processo de mudança, todos pediam isso, uma reciclagem dentro da seleção. Toda mudança passa por fases. Temos que ter equilíbrio, tranquilidade e observamos. A seleção de hoje vem muito mais forte do que há uns meses, e será mais forte daqui para a frente. Daqui a dois anos, essas mesmas pessoas que estão falando demais e desnecessariamente, talvez tenham que engolir novamente uma grande conquista da nossa seleção. Tenham calma e paciência e acompanhem o desenvolvimento de um trabalho. Aqui estamos trabalhando com muita seriedade, podem ter certeza que o povo brasileiro não vai se decepcionar, assumo a responsabilidade de estar no comando de tudo isso. Queria já ter entregado nessa Copa América um resultado melhor, mas é um processo".

Caminho certo: "Acredito que a seleção está no caminho, vem melhorando, ainda que seja muito difícil explicar com uma queda a evolução, ainda mais para o torcedor brasileiro, que não entende isso, é exigente ao extremo, e tem razão, mas estamos sempre muito preocupados. Se tivéssemos tido um grande resultado contra o Uruguai, também não estaríamos tranquilos, é assim que se atinge metas, todos os objetivos vão acontecer. Natural que nós perdemos um ano importante, não estou justificando, acho que o trabalho foi feito com muita entrega, torcedor pode ter certeza que todos aqui se dedicaram ao extremo. Coisas muito boas ainda vão acontecer, precisamos de um pouco de calma, paciência, sei que é complicado falar isso, mas passei por essa situação em todas as equipes que dirigi, futebol são processos, tem que passar pelas etapas, não consegue pular uma delas se quiser alcançar resultados na frente".

Preocupações e mudanças: "Dentro do nosso continente, a nossa colocação na tabela de classificação das Eliminatórias [para a Copa de 2026] é preocupante. Foi um momento difícil, mas saímos de uma Copa América com uma equipe vivendo outra situação, começando a se conhecer mais como grupo. Finalizamos essa última partida com garotos de 17 e de 19 jogando juntos. Todos pediam mudanças, para que alterássemos a forma, o padrão da equipe, mas essas mudanças precisam de tempo, não existe mágica no futebol, não se encontra do dia para a noite um padrão de jogo".

Nova geração: "Temos que ter todo o cuidado possível, é uma geração que promete muito, não tenho duvidas da qualidade de todos que estão, do que poderemos fazer na Copa [de 2026]. É um momento muito difícil, complicado, mas revertemos um quadro que estava ocorrendo da seleção, de derrotas consecutivas. Fizemos jogos muito disputados, equipes sentiram também o peso da seleção. Com um pouco mais de equilíbrio, entrosamento. essa equipe possa nos dar outra resposta".

Rodinha de jogadores: "É lamentar porque as pessoas fazem uma avaliação de uma foto, de um gesto, de uma palavra, de uma atitude... Só peço que exista respeito a todos os profissionais. Acho que sempre entendi que jornalismo tem que ouvir os dois lados, fui pego de surpresa na entrevista [ao ser questionado sobre o tema], não sabia o que tinha acontecido. Quando atleta, sempre participei de algumas decisões de pênaltis, ficava sempre um pouco afastado, mas junto com o grupo, ouvia aquele debate inicial mas tentava me concentrar, havia treinado para bater, queria estar concentrado e acima de tudo tranquilo. Nunca participei de rodinhas porque não quero incomodar jogadores num momento desse. Caso eu sinta que o grupo esteja nervoso ou muito tranquilo, natural que tenha que intervir. Não foi o caso, estavam muito focados, eu já havia dito alguma coisa com jogadores em particular, estava procurando o Alisson para ter uma conversa mais detalhada. O 4º arbitro havia me chamado, pedindo que fizesse o corte de uma atleta porque o Uruguai havia tido um expulso. Retornei porque n]ao sabia o número da camisa do Arana, não tinha certeza, estava tentando encontrar ele para ver o número, mas não participo de roda. Em outros clubes nunca fiz isso, quero que eles se sintam confortáveis, confiantes, que estejam tranquilos, concentrados e façam o que fizeram no treinamento. Não foi só no dia anterior, vínhamos com frequência. Infelizmente, as tomadas de posições, os comentários que foram feitos, maldosos, levianos, sem nexo nenhum e sem conhecer o outro lado da moeda. Lamento muito por tudo isso, não são digno dos profissionais, nos respeitem daqui desse lado, é o mínimo que possam ter. Foram levianos ao extremo e até usaram de uma certa covardia, mas passo por cima, estou olhando lá na frente e pensando o que podemos fazer para melhorarmos para as Eliminatórias".

Conta com Neymar em setembro? "Neymar é acima da média. Ele, em condições, recuperado, natural que será um jogador importante. (...) É difícil falar algo nesse sentido, não quero determinar um tempo, nem tenho competência para isso. Ele está sendo muito bem acompanhado, está em processo de evolução, ele mesmo já me falou, está fazendo de tudo para estar apto o quanto antes. Foi uma lesão muito delicada, tem que ter todo o cuidado possível. Na minha opinião, não precipitar esse retorno. Se precisar esperar um pouco mais, eu faria, depois de ter esperado todos esses meses, mais um ou dois não será prejuízo e sim precaução de uma lesão tão seria".

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Jogadores do futebol brasileiro no radar: "Já estou olhando. Pedro sabe disso, não preciso falar. Estêvão também. A convocação depende muito do momento. Na última convocação, o próprio Estêvão não era titular do Palmeiras, vinha num processo inicial, se ajustou e tem feito um campeonato belíssimo. todo cuidado é pouco, temos que ir evoluindo, observando muito, tentando ser criteriosos ao extremo para fazer a melhor convocação sempre. Principal é continuar crescendo como equipe, que esteja começando a caminhar por esse lado. Volto a falar que é um processo, torcedor demora para entender tudo isso, principalmente em desclassificação, mas nosso objetivo está lá na frente. Quando assinei o contrato, abordei esse assunto com o presidente da CBF, que a Copa América seria complicada pelo momento, mas não quer dizer que não poderíamos ter apresentado um melhor futebol".

Campos menores: "Vi coisas muito boas acontecendo, fiz questão de pontuar tudo isso ao final da partida. Entendo como sendo um processo natural, gostaria mais do que ninguém de ter tido melhores resultados, tivemos um imprevisto que as metragens de campo dificultaram os espetáculos, não apenas a seleção brasileira, foram apenas dois resultados com volumes de gol em toda a Copa América, todas as equipes conviveram com tudo isso".

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