A Argentina é o verdadeiro país do futebol?
Ontem, depois de vencer o Canadá e se classificar para a final da Copa América, com pouco brilho e alguma tranquilidade, os jogadores argentinos demoraram uma eternidade para sair de campo, aproveitando a festa com sua torcida. Torcida que, depois de finalmente deixar a parte interna do estádio, voltou a fazer churrasco do lado de fora, aprimorando a já excelente cultura americana do "tailgate".
Mas não é o asado que torna os hermanos maiores. Nem o fato de serem os atuais campeões do continente e do mundo. Nem são os cantos altos, empolgados, apaixonados dos argentinos que frequentam as partidas — um contraste absurdo com a insípida torcida da seleção brasileira.
Quer dizer, é isso também. É o combinado de tudo isso com um amor que não encontra paralelo no Brasil.
Nós temos o maior jogador da história. E houve muita gente importante que não se deu nem ao trabalho de comparecer ao velório de Pelé. Reverenciado, sim. Idolatrado, mais ou menos.
Eles têm o segundo maior. Um ídolo dos mais falhos que se poderia encontrar. Um homem de comportamento tão questionável fora de campo quanto era óbvio seu talento dentro dele. Para seus conterrâneos, Maradona virou religião. Literalmente. Um Deus. Sua morte parou o país. Muitos sofreram sua perda com a dor de quem vê partir um familiar.
A gente gosta muito de futebol, claro. Mas qualquer aficionado que já tenha assistido a futebol na Argentina sabe que o barato lá é mais louco. O comprometimento é outro. É o que um amigo definiu como "aquele sentimento de unidade e pertencimento".
Talvez até nos aproximemos no futebol de clubes. Entre seleções, a comparação é risível. O que a Albiceleste significa para os jogadores e os jogadores para os argentinos. O que o país representa para ambos.
Vamos voltar a ganhar um dia. Acho. Nunca vamos sentir o que eles sentem.
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Opinião
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