Luigi's Mansion 2 HD - Análise

Luigi está de volta às Mansões de Dark Moon, agora em alta-definição.

É apenas sensação minha ou o lançamento de Luigi's Mansion 2 HD aconteceu fora de época?

Chegou ao mercado na transição da primavera para o verão, estações do ano governadas pelo calor e dias mais longos que destoam bastante da atmosfera noturna e invernosa de Luigi's Mansion.

O modo com que me relaciono com o entretenimento talvez tenha uma palavra a dizer sobre essa sensação, mas não acredito que esteja sozinho. Existem jogos que funcionam bem em qualquer altura do ano. Existem outros que, pelas suas características mais específicas, têm outro sabor se jogados em alturas do ano que se aproximam mais daquele que é o ambiente do jogo.

E nem se trata do género em si, embora também possa ser o caso. Trata-se antes de sintonizar o mais possível o ambiente real com o ambiente fictício, algo que ajuda imenso na imersão de toda aquela experiência. Por exemplo, é mais imersivo mergulhar na chuvosa Racoon City de Resident Evil 2 no Inverno, ao mesmo passo que é uma experiência mais interessante e saborosa vaguear na quente e remota vila espanhola de Resident Evil 4 no final do verão.

Luigi's Mansion 2 HD, assim como qualquer outro título Luigi's Mansion, é o resultado de uma receita que parece ter como ingredientes Ghostbusters, Casper e filmes familiares de Halloween, como The Haunted Mansion e Scooby-Doo, pelo que todo o seu ambiente, dentro e fora da mansão, pede por meses mais invernosos, uma manta e um chá.

Pode ser guardado para esses meses? Claro que sim. Não faltam jogos para jogar até lá. Por outro lado, sinto que existiria uma campanha de marketing mais eficiente e temática se lançado perto da época do Halloween.

Outro aspecto estranho deste lançamento é a Nintendo ter optado por disponibilizar primeiro o segundo jogo na Nintendo Switch, em vez do seu antecessor, já que Luigi's Mansion 2, ou Dark Moon, é uma continuação do primeiro jogo, tanto em jogabilidade como na história.

É certo que a história está longe de ser a componente mais importante ou interessante de Luigi's Mansion 2, estando constantemente em segundo plano, mas uma vez que o terceiro jogo foi lançado para a Nintendo Switch, havia aqui a oportunidade perfeita para disponibilizar mais uma saga completa na Nintendo Switch, como aliás fizeram recentemente com Pikmin.

Em Luigi's Mansion 2 o antagonista King Boo destrói a Dark Moon, um enorme artefacto responsável por manter os fantasmas que habitam Evershade Valley num estado de paz. Como consequência, todos os fantasmas entram num enorme alvoroço e começam a semear o caos por onde passam.

O Professor E. Gadd encarrega Luigi da missão de recuperar as cinco peças da Dark Moon, que se encontram espalhadas em cinco Mansões diferentes, restaurando assim a paz de Evershade Valley e, sobretudo, a paz do assustadiço, mas relutante herói.

Para o auxiliar nesta missão, o Professor mune Luigi de uma catrefada de gadgets, a par da sua conhecida arma central: um aspirador concebido para sugar todos os fantasmas, também conhecido por Poltergust.

A exploração do jogo parte precisamente da premissa das cinco peças que têm de ser colecionadas, distribuídas por cinco Mansões diferentes. Cada uma destas mansões representa um nível, estruturado em pequenas missões cujo objetivo passa por desvendar mistérios e resolver quebra-cabeças com recurso à lógica e aos gadgets.

Para quem procura mais desafio, diria que o primeiro jogo tem mais a oferecer nesse sentido. No título de estreia desta franquia, existe apenas uma grande mansão que tem de ser explorada de uma assentada, sem grandes pausas e algum backtracking. É muito semelhante à exploração de Resident Evil: há um grande espaço para explorar e, conforme o jogador progride, vai descobrindo novas formas de conectar e atalhar cada espaço do mapa. A exploração é por isso mais complexa e exige mais da memória.

Por outro lado, e embora menos desafiante, Luigi's Mansion 2 consegue atingir um melhor equilíbrio entre desafio e acessibilidade. Como cada nível é segmentado em diversas missões, temos mais tempo para nos familiarizarmos com cada divisão da mansão que se vai abrindo conforme progredimos. É ainda interessante verificar que, não obstante às muitas vezes que passamos pelos mesmo locais, o jogo nunca se faz sentir repetitivo ou cansativo.

Existe sempre um quebra-cabeças diferente que nos faz olhar para determinada divisão da casa de um outro ângulo ou perspectiva, tornando-a diferente sem nunca deixar de ser familiar.

Claro que não é apenas o novo quebra-cabeças que impede a sensação de repetição. A ajudar a manter a frescura, interesse e imersão no jogo está o perfeito ambiente de Luigi's Mansion 2, ainda mais bonito nesta polida versão HD. A decoração de cada divisão convida-nos a entrar e a desfrutar de um ambiente estranhamente confortável e relaxante, enquanto nos vamos deliciando com a atenção ao pormenor que existe do chão ao teto e em cada prateleira, descobrindo coisas novas a cada nível. Cada divisão está tão carregadinha de pormenores que dei por mim a descobrir coisas que não tinha reparado nas passagens anteriores.

A isto soma-se a animação da personagem do Luigi que bebe das melhores expressões da comédia slapstick para conferir personalidade a uma personagem “muda”, através de animações engraçadas e inesperadas. Nunca me canso de ver o Luigi a tremer quando mudamos de direção para um local que ele ainda não viu, ou de o ouvir a cantarolar a banda sonora do próprio jogo para, num esforço infrutífero, tentar enganar o medo.

O medo torna-se divertido com a expressividade de Luigi.

Todos estes doces visuais (e auditivos) ganham nova vida com a versão HD, retocada frame a frame com muito carinho e atenção, elevando Luigi's Mansion 2 HD para além de um simples port ou remaster preguiçoso, ao ponto de raramente sentir que estava a jogar um título de 2013 lançado para a Nintendo 3DS, aproximando-se bem mais de um remake de que de um remaster.

A resolução é bem superior, os modelos e texturas foram retocados, a iluminação e sombras parecem ter sido feitas de raiz (duas componentes importantíssimas neste título), não só preservando assim todo o charme do ambiente do original, como também conseguindo melhorar todas as cenas do jogo.

O gameplay também tem algumas alterações muito bem-vindas, em particular uma que os jogadores vão apreciar. Para quem jogou o original, lembrar-se-á que a ausência de um segundo botão analógico na Nintendo 3DS limitava os movimentos, em particular quando tentávamos usar o gadget Strobulb, que nos permite atordoar os fantasmas, para os podermos sugar com o Poltergust.

Na 3DS, quando usamos o Strobulb, a direção do Luigi fixava no sentido para o qual estávamos virados no momento que clicamos no botão. Muitas vezes os fantasmas andam de lado para lado, mas como não tínhamos um segundo analógico, não era possível virar a posição. Em Luigi's Mansion 2 HD isso passa a ser possível eliminando uma das maiores frustrações do título original.

O trabalho, sobretudo visual, desenvolvido neste remaster torna Luigi's Mansion 2 até agradável de ser jogado numa televisão. Em contrapartida, e tendo em conta que o original foi desenvolvido para uma portátil, é em modo portátil que o jogo continua a brilhar, não só pelo visual ficar ainda mais bonito, mas pela forma como todo o jogo está estruturado.

Luigi's Mansion 2 está estruturado em missões de aproximadamente 20 minutos, é aquele tipo de jogos perfeitos para levar numa viagem, ou para jogar quando temos menos tempo. Deu-me muito gozo, no fim de um dia de trabalho, sobretudo em dias que me sobrou menos tempo para lazer, completar uma missão de 15 a 20 minutos. É o suficiente para o jogo nos apresentar um desafio, concluir o nível e deixar-nos com a sensação de recompensa e missão cumprida, sem termos de investir horas de jogo e sacrificar horas de sono.

Nem tudo são qualidades e Luigi's Mansion 2 tem certamente os seus defeitos. Já os tinha no original e embora alguns tenham sido colmatados, como já referi, outros ficaram mais decalcados.

Destaco, em especial, a ausência de um multiplayer mais desenvolvido e, sobretudo, a impossibilidade de jogar a campanha em co-op.

Este jogo seria perfeito para serões a dois, tentando cooperativamente desvendar o puzzle de cada nível. O jogo perde por não o ter e acaba por também perder a própria longevidade, pois seria uma outra experiência poder partilhá-lo com outra pessoa, no mesmo local.

Veredito

Com um grafismo melhorado e um gameplay mais afinado, Luigi’s Mansion 2 HD junta-se à prateleira de ports para a Nintendo Switch rotulados como a versão definitiva. Embora muitos aspetos tenham sido polidos, a facilidade do jogo continua a ser um problema para os jogadores mais exigentes que apreciaram o primeiro pela razão contrária e a ausência de uma campanha em modo cooperativo corta o verdadeiro potencial deste título. Ainda assim, continua a ser uma aventura divertidíssima e relaxante, perfeita para amantes de quebra-cabeças e de um bom ambiente.

Neste Artigo

Luigi's Mansion 2 HD

Next Level Games
  • Plataforma / Tópico

Luigi's Mansion 2 HD - Análise

8
Muito Bom
Luigi's Mansion 2 HD é a prova de que a segunda entrada da trilogia protagonizada por Luigi envelheceu muito bem e continua a ser uma aventura obrigatória para fãs de aventura, ação e quebra-cabeças.
Luigi's Mansion 2 HD