A Torre Negra - Review

A thoroughly average adaptation of some truly incredible source material.

Review: A Torre Negra

Enquanto assistia à versão cinematográfica de A Torre Negra de Stephen King, não pude deixar de me debruçar sobre a frase final do código de conduta do Pistoleiro. "Você não mata com sua arma. Aquele que mata com a arma esqueceu o rosto de seu pai. Você mata com seu coração." Ainda que essa frase seha falada várias vezes por uma dupla incrível de atores principais, o filme não parece realmente entender essa ideia. A adaptação de A Torre Negra abandona a nuance e a gravidade de seu material de origem e com frequência excessiva deixa de exibir qualquer vestígio de sentimento.

Eu sempre tenho dificuldades em descrever essa obra de King sem parecer completamente maluco. As partes idênticas de horror, bangue-bangue à italiana e o mito Arturiano, a enorme série de livros se utiliza de uma multiplicidade de gêneros para criar algo que é fantasticamente único por conta própria. Completamente contrário a isso, o filme A Torre Negra é uma adaptação superficial que, embora não seja terrível, não deixa qualquer tipo de impressão duradoura no espectador.

Misturando partes de vários livros da série tentando contar uma nova história, o filme utiliza um punhado de elementos principais da saga -- a batalha sobre uma torre mágica que atua como o nexo de todos os universos, Roland, um pistoleiro obcecado pela vingança (Idris Elba), o feiticeiro sombrio Walter (Matthew McConaughey) e um garoto psíquico de Nova York chamado Jake (Tom Taylor). Mas o que o filme não consegue é capturar a sutileza, a tradição e a melancolia que torna os livros tão notáveis.

Os personagens interessantes e profundamente imperfeitos criados por King são unidimensionais no filme, muito porque as motivações que lhes dão essa profundidade são completamente ignoradas no roteiro. Isso não quer dizer que as performances sejam ruins -- na verdade, o elenco principal é incrível. A sobrancelha franzida de Idris Elba, o jeito rápido de falar e seu impressionante manuseio de pistolas são claras homenagens ao Pistoleiro Sem Nome eternizado por Clint Eastwood. Do mesmo modo, McConaughey exala uma alegria aterrorizante ao interpretar um feiticeiro diabólico que realmente acredita que está prestes a acabar com toda existência. Mas a verdade é que não há suco suficiente no roteiro para esses dois excelente atores extraírem.

A narrativa de A Torre Negra é um pouco exagerada. Com apenas 95 minutos, o filme voa em velocidade vertiginosa, sem tempo para consolidar as histórias do mundo e de seus habitantes antes de os vermos na tela. Nas poucas vezes em que o ritmo diminui para um momento calmo de conversa, estamos sujeitos a uma descrição do que vai acontecer na próxima cena ao invés de acompanharmos os personagens refletindo, ou algo do gênero.

É aí que surge o problema da falta de motivação. Enquanto os eventos que se desenrolam na nossa frente são relativamente fáceis de acompanhar, eu fiquei constantemente sem entender os motivos pelo quais os personagens faziam o que faziam. Roland está focado na vingança contra Walter, mas o filme simplesmente ignora seu nobre passado e sua trágica queda, que contribuíram para que ele se tornasse o homem que é. Da mesma forma, Walter está usando Jake e outros personagens para derrubar a Torre e acabar com toda a existência porque ... bem, nesse filme, nós realmente não sabemos o porquê. Porque ele é mau e é isso o que as pessoas ruins fazem, talvez? Como fã dos livros, entrei no cinema já sabendo a resposta a muitas dessas questões. Mas um filme não deveria ter cinco mil páginas de leitura prévia necessária para tornar o motivo do conflito principal mais compreensível.

Este problema é agravado pelo elenco coadjuvante descartável, que rapidamente cai em estereótipos: o padrasto amargo, o nerd genial e o vidente místico são alguns deles. Nunca temos tempo suficiente para conhecer qualquer pessoa mais do que superficialmente, o que faz com que qualquer morte, sacrifício ou traição não tenham qualquer importância. Se os próprios personagens são capazes de superar a perda de um ente querido logo após o final da cena em que ele morre, então por que a plateia deve se importar?

Embora não haja muita profundidade para os eventos que acontecem na tela, eles são pelo menos agradáveis ​​de se ver. O diretor Nikolaj Arcel faz um excelente trabalho misturando a agitação dos dias modernos de Jake em Nova York, com o deserto vazio do Mid-World de Roland e Walter. Da mesma forma, os Homens Baixos, uma raça de criaturas que se mistura a nós vestindo a pele dos humanos, são completamente assustadores nas poucas vezes que os vemos servindo Walter. E a própria Torre, que se estende através das nuvens, é tão grandiosa e impactante quanto o centro do universo deve ser.

Mas, como o filme nos mostra constantemente, nunca temos um momento para pausar e refletir sobre qualquer coisa antes de sermos arrastados para o próximo acontecimento. Eu queria passar mais tempo conhecendo o Mid-World, mais tempo temendo os inimigos, e mais tempo refletindo sobre a torre. Mas não dá tempo de nada disso.

Prós

  • Elenco principal em forma
  • Lindos efeitos especiais e boa direção de arte

Contras

  • Trama se desenrola rápido demais
  • Pouca explicação para quem não leu os livros
  • Personagens coadjuvantes descartáveis

O Veredicto

A Torre Negra é uma interpretação bastante mediana de um material original incrível. Embora os atores fantásticos façam o melhor possível com o que lhe são dados, isso não é suficiente para compensar a falta de tempo dedicado a construir personagens e suas motivações no roteiro. O filme tem uma casca superficial de um grande épico, mas o recheio se revela vazio. Para uma história em que o destino do universo está em jogo, é decepcionantemente fácil não se importar com nada que acontece na tela.

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A Torre Negra

24 de Agosto de 2017

Review: A Torre Negra

5
Regular
Uma interpretação bastante mediana de um material original incrível.
A Torre Negra
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