Carro fora de linha é bom negócio? Segundo a depreciação, sim!

Quem nunca ouviu falar que comprar carro que saiu de linha é uma furada certamente jamais procurou um usadinho na vida. Pois é, nesses tempos de preços altos nos zero quilômetro a alternativa estão sendo os mais velhos, que muitas vezes são de segmentos que já saíram do mercado e deixam o cidadão apreensivo. Porém uma pesquisa feita pela Mobiauto revela que a desvalorização destes modelos tem sido menor até que a de muitos seminovos.

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A empresa ainda aponta que não é só para os modelos fora de linha que esta regra vale. Os veículos que tiveram todo o seu segmento praticamente extintos, como as minivans que raramente são vistas hoje em dia, também mantiveram seu valor.

• Peruas (station wagons), minivans (ou monovolumes) e hatchbacks médios são segmentos que sumiram das prateleiras dos concessionários de veículos zero km. Exceção feita a uma ou outra perua superesportiva da Audi, ou de uma minivan sul-coreana, ou ainda de hot-hatches de origem britânica (respectivamente), a verdade é que não se produz mais nenhum modelo dos segmentos mencionados acima com volumes significativos de vendas.

O departamento de Dados e Estatísticas da Mobiauto calculou as cotações de preços de vários exemplares dessas três categorias. Inicialmente os valores médios entre janeiro e maio de 2023 e, posteriormente, comparou-os ao mesmo período deste ano, extraindo sua variação.

Como resultado principal da pesquisa, a mobi auto revelou que carros que saíram de linha e de tipos que sumiram das concessionárias perderam somente 5,21% do valor no último ano. A média de depreciação dos seminovos (veículos com até três anos) de um ano para cá foi de 9,48%, ou seja, os mais antigos e raros perderam menos valor do que os mais novos.

Valorização dos carros fora de linha

Foram pesquisados 27 veículos dentre os três segmentos apontados, com anos/modelos que variaram entre 2013 e 2023, compondo um levantamento total de 91 carros apurados. Como critério, os analistas da Mobiauto só consideraram veículos com número expressivo de anúncios, tanto no primeiro período como no ano seguinte.

10 caros fora de linha mais valorizados

Dos 91 modelos avaliados, 12 obtiveram o êxito de anotar valorização de um ano para cá e o Citroën C4 Picasso 2018 foi o campeão, com 8,39% de alta nos preços.

O economista, consultor automotivo e CEO da Mobiauto, Sant Clair de Castro Jr., ainda apontou os porquês destes números tão altos para o Citroën Picasso.

Por que uma valorização tão acentuada neste modelo? Simples: ele tem somente seis anos de uso, um custo final acessível, ao redor de R$ 100 mil, versus um padrão excepcional de acabamento para o valor em si. E a alta nos preços decorre das poucas unidades à venda e da alta procura”, opina Castro Jr.

O executivo ainda disse que aquele antigo comportamento de ter receio dos carros fora de linha ficou para trás.

Entendo que esse fenômeno era herança dos anos 80, quando o mercado era composto por somente quatro montadoras e, sim, um carro fora de linha perdia mais preço que os demais. Hoje, porém, com dezenas de marcas e algumas centenas de modelos diferentes, os veículos descontinuados possuem clientela fiel, tanto que seguram preços com naturalidade. Dá para observar esse fenômeno com os clientes de minivans, que compõem a grande maioria dos modelos mais bem ranqueados na pesquisa”, explica.

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Note que o Top 10 traz sete veículos diferentes. Isso significa que o fenômeno ‘fora de linha’ realmente não incomoda mais. Não se trata de um mérito de uma ou outra marca ou um ou outro veículo. E sim uma conquista geral de praticamente todo o mercado, tanto que você encontra de tudo: carro nacional ou importado e veículos dos três segmentos pesquisados”, acentua o executivo.

10 caros fora de linha menos valorizados

Para o executivo que coordenou o levantamento, as variáveis são as mesmas: há carros produzidos no Brasil ou vindos de fora e persiste a presença de peruas, minivans e hatches. Onde estaria a diferença?

Repare no ano/modelo dessa tabela acima. São carros bem mais novos. Se os campeões de valorização tinham, em média, nove anos de uso, esses modelos que se saíram mal na pesquisa possuem pouco mais de cinco anos. É o tal movimento de um carro desvalorizar mais logo depois que é comprado”, comenta.

Por qual motivo, então, esses carros teriam desaparecido como zero km, mas mantiveram a chama acesa nos usados?

Foi o fenômeno dos SUVs. As minivans deixaram de ser fabricadas porque a ampla maioria dos consumidores preferiu partir para SUV´s. O segredo dessa história é que o mercado de usados é muito maior e mais democrático, permitindo que elas continuassem em alta através de uma clientela menor, mas fiel”, finalizou Castro Jr.

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